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sábado, 4 de julho de 2020

Tranquilidade no mar faz peixes se aproximarem da costa

Sob a superfície do mar, os peixes escutam os ruídos e se dispersam ao perceber a proximidade de humanos. Nos últimos três meses, enquanto os banhistas e pescadores começavam a se afastar do mar, devido à pandemia, os peixes faziam o movimento contrário e voltavam a nadar mais próximos e em maior quantidade. Até o budião-azul, ameaçado de extinção, reapareceu no litoral.
O silêncio no mar parece ter deixado os peixes mais à vontade para circular em casa. A maioria dos peixes têm boa audição, além de sensores laterais que reconhecem sons de baixa frequência. O barulho pode significar perigo. Em diferente pontos, as espécies de badejo e budião-batata, geralmente com preferência por áreas mais distantes da costa, também têm aparecido.

Na Praia do Porto da Barra, repleta de banhistas e embarcações em dias usuais, cardumes de  budião-azul passaram a passear, às vistas dos mergulhadores que, a trabalho, ainda descem ao mar.

A chegada de uma tartaruga marinha de grande porte para desovar naquela mesma praia, no dia 16 de junho, já havia acendido o alerta quanto à resposta dos seres marinhos à recente quietude dos dias. O depósito de ovos por tartarugas não acontecia na Barra há, pelo menos, 20 anos. Como relataram pescadores e mergulhadores , o aumento de peixes tem sido percebido, principalmente, na Barra.

Quase diariamente, o pescador submarino Luiz Carlos Terra Nova, 48 anos, tem encontrado o budião azul na região da Barra. A quantidade cresceu nas últimas duas semanas. “Mergulho de manhã e os peixes já estão subindo. É muito raro eles virem tanto, tão próximos”, falou ele.

A pesca da espécie - junto ao budião-batata - é restrita por lei, mas tem acontecido entre pescadores e mergulhadores, que chegam a exibir o resultado do dia de pescaria em redes sociais. Muitos dizem desconhecer as leis e pescar por necessidades. Badejos podem ser pescados.

O desaparecimento cada vez mais frequente do budião-azul é consequência direta da pesca predatória. Como ele não interage com anzóis, explicou o biólogo e mergulhador Maurício Cardim, os pescadores usam manzuás - gaiolas feitas com fibra de bambu - para capturá-lo. No caso do pescadores submarinos, o arbalete é a arma mais usada.

A espécie é fundamental para manutenção dos corais e precisa de locais iluminados, pois se alimentam, basicamente, de algas. Mas, “é muito difícil de se aproximar, o barulho já o afasta”, disse Cardim.

Os badejos costumam ser mais frequente e numerosos. Ainda assim, a última vez em que viu tanta frequência de cardumes de badejos no litoral foi há 10 anos, contou o pescador Arivaldo Santana. Sua área de trabalho é a Praia de Itapuã. “Todo mar está cheio dele.  Hoje (dia 27 de junho) mesmo mergulhei e vi um monte de badejo aqui na praia de Itapuã”, contou, destacando os relatos de colegas da Barra.

Correio da Bahia

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