Amigo da vereadora Marielle Franco, assassinada em 2018, e um dos principais nomes no combate às milícias no Rio de Janeiro, Marcelo Freixo (PSol-RJ) comentou, nesta terça-feira (26), a prisão dos suspeitos de serem os mandantes do assassinato da colega e a dinâmica da política na capital carioca. Em entrevista à Rádio Metropole, o ex-deputado federal e presidente da Embratur afirmou que a prática das milícias é uma ação específica do Rio de Janeiro e não tem a ver com a polícia, mas sim com a política.
“A milícia não é só uma ação criminosa, o que já seria muito grave como é o tráfico, qualquer grupo de extorsão ou grupo criminoso, como tem no Brasil inteiro. O Rio de Janeiro é solitário na violência policial, nos crimes de homicídio. Qualquer índice de violência tem pelo Brasil inteiro. Mas a milícia é algo que tem muito a ver com o Rio de Janeiro. A milícia como funcional, eu arrisco dizer, não tem em outro lugar, só tem no Rio. E isso não tem a ver com o tipo de polícia, isso tem a ver com o tipo de política que a gente tem”, declarou.
Marielle havia sido a quinta vereadora com maior votação na eleição municipal do Rio de Janeiro em 2016. Pouco mais de um ano após assumir o cargo, no dia 14 de março de 2018, ela foi assassinada junto com seu motorista Anderson Gomes. Para Freixo, esse episódio tem um significado que vai além de um homicídio: “é a morte também da democracia no Rio de Janeiro”.
“A natureza da política é a formação da correlação de forças para ter maioria, mas isso só existe na existência da diferença. [...] Quando você mata uma pessoa, quando a política se utiliza do método da violência para matar uma pessoa, para eliminar a diferença, você está matando a democracia. Então a morte da Marielle representava a morte da democracia no Rio de Janeiro. Então foi um crime contra o Rio de Janeiro, contra a natureza da política. Por isso que ele é tão sério”, afirmou Freixo, ressaltando ainda o suposto envolvimento de agentes do poder no episódio. No último domingo (24), a Polícia Federal prendeu três suspeitos de mandar matar a vereadora: o deputado federal Chiquinho Brazão (União Brasil-RJ), o conselheiro do TCE-RJ (Tribunal de Contas do Estado) Domingos Brazão e o delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil no Rio.
Apesar do diagnóstico, Freixo acredita que ainda há solução para o Rio de Janeiro. Ele pontua, inclusive, que é preciso olhar para instituições como o Tribunal de Contas, a Polícia Civil e a Câmara dos Deputados, onde atuavam os nomes apontados como mandantes do assassinato, “e entender que elas são feitas de pessoas corretas em sua maioria”.
“O problema é o arranjo político, para onde caminhou a política do Rio, porque, no Rio de Janeiro, crime, polícia e politica não se separam. A política hegemônica do Rio é uma política feita para o interesse do crime. E é isso que leva a polícia ser o que é no Rio de Janeiro. Tem saída e a saída está na política, não em outro lugar”, avaliou.
Fonte: Metro 1
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