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terça-feira, 28 de janeiro de 2025

Dengue: ressurgimento do sorotipo 3 pode agravar surtos da doença no país

 


Alerta é de pesquisadores da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp) em artigo publicado no Journal of Clinical Virology

O sorotipo 3 (DENV-3) da dengue não tem incidência relevante no Brasil desde 2008, por isso o ressurgimento desse tipo da doença pode agravar surtos da doença no Brasil. É o que alerta pesquisadores da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp) em artigo publicado no Journal of Clinical Virology. O agravamento pode ocorrer devido à população não estar imunizada contra essa linhagem e, ainda, os sorotipos 1 e 2 (DENV-1 e  DENV-2) seguem em circulação.

O professor da Famerp e um dos autores do estudo, Maurício Lacerda Nogueira, disse à Agência Fapesp que em meados de 2024 os casos de DENV-3 começaram a subir e que hoje é o principal agente detectado no município de São José do Rio Preto.

“A última epidemia significativa de DENV-3 no Brasil e, mais especificamente, em São José do Rio Preto, ocorreu há mais de 15 anos [em 2007]. Já os sorotipos DENV-1 e DENV-2 continuam circulando continuamente pelo país. Se o sorotipo 3 se estabelecer novamente e prevalecer esse quadro [de cocirculação de variantes], isso pode levar a formas severas de uma epidemia de dengue. É exatamente essa situação que estamos vivendo neste momento em São José do Rio Preto”, afirmou

O professor Nogueira elucidou que uma epidemia pode acontecer quando surge um sorotipo diferente, já que ocorre o escape da imunidade anterior das pessoas.

“Estamos estudando dengue no Brasil desde 2010 e o padrão epidemiológico é semelhante ao que aconteceu com o SARS-CoV-2 durante a pandemia de COVID-19. Quando aparece um sorotipo diferente ocorre o escape da imunidade pregressa da população e acontece uma epidemia logo em seguida. Estamos vendo isso agora com a DENV-3”, disse Nogueira.

Os pesquisadores vêm realizando nos últimos 20 anos a vigilância genômica e epidemiológica de dengue e outras arboviroses em São José do Rio Preto, por meio de um projeto apoiado pela Fapesp. O professor Nogueira aponta que o tempo quente e úmido na cidade propicia a proliferação do mosquito e, ainda, um local relevante para monitoramento.

“A temperatura média anual em São José do Rio Preto é de pouco mais de 25 graus e chove aproximadamente 2 mil milímetros por ano. Essa combinação de tempo quente e úmido cria condições ideais para a formação de reservatórios de mosquitos transmissores de arbovírus e um local propício para o monitoramento genômico e epidemiológico de arboviroses, como a dengue. E como trabalhamos aqui há muito tempo, conseguimos fazer inferências epidemiológicas melhores”, explicou Lacerda.

Sorotipo 3 da dengue

  • Utilizar repelentes;
  • Instalar telas de proteção em janelas e portas.

Nísia Trindade também anunciou a integração entre os Ministérios da Saúde e da Educação nas ações de controle das arboviroses, por meio do Programa Saúde na Escola. “Queremos ter a escola como espaço livre de dengue e conscientização”, ressaltou em entrevista a jornalistas no final do evento.

Com informações da Agência Fapesp

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